terça-feira, 29 de novembro de 2011

PATCHWORK





Tenho escrito pouco ultimamente, mas há dias em que não consigo parar de pensar nas “letras” e como elas são capazes de descrever sentimentos tão profundos.
Na minha caminhada ao trabalho, de byke ou mesmo a pé, tenho grandes encontros, posso dizer que começo meu dia muito bem, encontro o mar, grande companheiro e inspirador, o vento do litoral, sempre tão fresco, e em oração, diante da criação, ando cantando e orando, sempre!

Hoje, 29 de novembro, Deus me trouxe a memória o que eu precisava lembrar, que há um mês sepultei minha querida tia Lú. Me vieram num instante tantas lembranças da minha vida ao seu lado e que com ela foram para a eternidade . Muitas horas da minha infância, adolescência, juventude, fase adulta, no tudo da minha vida tem uma pitada da Lú. Nos seus últimos momentos, pudemos orar juntas o Pai Nosso, consegui fazê-la rir um pouco e ouvi-la dizer coisas sobre mim. Houve momentos em que ela falava de mim, para mim, sem perceber que era eu quem estava ao seu lado e dizia assim: “Ah! Lila é muito engraçada, ela dança engraçado e eu dou muitas risadas com ela e ela mergulhava na piscina de um jeito que ninguém pegava, era danadinha!”
Acho que isso foi a maior gratificação que pude ter, fiz em alguns momentos da vida, minha tia feliz. É muito doído escrever isso, mas aprendi a exteriorizar as minhas dores nas palavras escritas, isso é muito bom.

Depois de todo o processo de dor, trouxe comigo “suas coisinhas”, as que mais pareciam comigo, ou conosco, pois éramos muito parecidas no quesito “fazer arte”.

Peguei a sua, agora minha, caixinha de costura, tudo que era a nossa cara e comecei um lindo Patchwork, com bicos, fitas e lembranças. Decorei aquela caixinha como se estivesse esperando ela chegar para mostrá-la, ela adoraria. Sei que ela não chegará, mas ficarei criando, buscando inspiração em Deus para deixar pelo menos 1% de tudo o que ela fez dentro da sua visão lúdica e cheia de arte desta vida.

Agradeço a Deus por ter tecido a minha vida neste caminho cheio de cores, retalhos e quadros pintados, durante os meus 44 anos ao lado de alguém que conseguiu chegar aos 95 , com pureza, alegria, saúde, muito romantismo e um amor imenso pela vida.


Com esforço consegui escrever...
para Maria de Lourdes Burity (19/9/1916 - 29/10/2011) in memorian...


(por marly burity dialectaquiz)